Feriadão 21, 22, 23 e 24 de Abril de 2011
O convite, pedido negado e readaptando o passeio...
Feriadão de quatro dias, e o convite do Sandro para participar de um passeio de dois dias, de Pedro de Toledo a Ilha Comprida (ida e volta) com os amigos dele, passando pela Estrada do Despraiado, um lugar que já faz um bom tempo que tenho vontade de pedalar...
Mas na véspera do feriadão, minha mulher não me concedeu o alvará para o passeio de dois dias, acabei me programando então para um pedal bate e volta (P. Toledo a Iguape de bike e Iguape - P. de Toledo de ônibus) e com sorte encontraria com o Sergio e seus amigos pelo caminho, pois tinha praticamente descartado o passeio, então não peguei o horário e o local que eles iriam iniciar o passeio.
Quinta Feira 21 de Abril
Deu tudo errado...
Primeiro dia do feriado, acordei as 6 horas e arrumei a mochila e a bicicleta no carro para ir para Pedro de Toledo, mas antes tinha que ir ao banco para sacar o dinheiro para o ônibus de Iguape para Pedro de Toledo.
De casa para o banco, percebi que a bicicleta balançava muito no rack em cima do carro, e já com medo de ter problemas no caminho, mas mesmo assim ainda estava disposto a ir, mas na hora de sacar o dinheiro tive problemas no caixa eletrônico e o meu cartão acabou sendo bloqueado...
Dois problemas em menos de dez minutos, mas mesmo assim ainda estava disposto a ir, segui para a casa do meu pai para tentar conseguir o dinheiro da passagem e para tentar resolver o problema do rack o mais rápido possível.
Infelizmente a solução para o problema do rack demorou um pouco, e o meu pai só conseguiu terminar a confeção de um braço (suporte), quando já era quase meio dia, e assim tive que adiar o passeio para o dia seguinte...
Sexta-feira 22 de Abril
Continuou errado...
Novamente tive o alvará negado para pedalar e assim o pedal pela Estrada do Despraiado com destino a Iguape ficou para uma próxima oportunidade.
Durante o dia fiquei pensando um novo roteiro de passeio para o dia seguinte, logo me veio a cabeça Paranapiacaba e Mogi-Bertioga, locais de antigos passeio que fiz em conjunto com Roger em 2007.
Resolvi juntar parte dos dois passeios, e iniciar este novo onde terminei um dos meus últimos "Ribeirão Pires". E a ligação entre esses dois lugares seria feita quase na totalidade por estradinhas de terra.
Sábado 23 de Abril
Ribeirão Pires - São Vicente 23/04/11
(Paranapiacaba, Taquarussú, Quatinga e Mogi-Bertioga)
Cinco e cinquenta da manhã, a ansiedade é tanta que acordo dez minutos antes do despertador tocar, levanto e vou tomar uma ducha, em seguida pego a mochila com algumas coisas para onde comer e beber (sanduiches, bombons, achocolatado, iogurte c/ mel e água congelados), arrumo a mesma no bagageiro da bike e saio pedalando de casa em direção a rodoviária de São Vicente, para pegar o primeiro ônibus para Ribeirão Pires, com saída programada para 06h 45min.
Passagem comprada e alguns minutos de espera até chegar o ônibus da Viação Cometa, que saiu de São Vicente rumo a rodoviária de Santos, antes de subir a serra para Ribeirão Pires.
Rio Casqueiro, divisa São Vicente - Cubatão (foto no ônibus)
Ao chegar na estrada logo percebi que havia algo de errado com o ônibus, o motorista não consegui engatar alguma marcha, não conseguindo fazer o ônibus ganhar mais velocidade e seguir num ritmo normal, foi assim até Santos, onde comunicou a todos os passageiros que seria necessário trocar de ônibus para seguir viagem.
Ônibus que apresentou problema, não engatava a sexta marcha.
Essa troca de ônibus demorou quase uma hora, e meio impaciente já estava pensando comigo:
- Já começou errado de novo! O que será que ainda pode acontecer até o final do passeio???
Mesmo com o atraso de uma hora, mantive o animo e o plano original do passeio.
Baixada Santista vista na subida de ônibus pela Via Anchieta.
As 09:20 já tinha desembarcado em Ribeirão Pires e iniciava o pedal em direção a Paranapiacaba.
E logo de início uma subidinha para aquecer, passei por baixo da Rodovia Índio Tibiriça...
E cheguei ao início da Rodovia Dep. Antônio Chammas (SP-122).
A 14 km da primeira parada.
Águas do reservatório Billings em Rio Grande da Serra.
Trevo de Rio Grande da Serra
Dia ensolarado com céu azul, perfeito para pedalar!
Tanto que encontrei várias pessoas pedalando pela estrada.
Acesso a parte baixa da Vila de Paranapiacaba, a esquerda e por terra,
mas preferi seguir pelo asfalto...
Para passar pelo Mirante do Vale do Rio Mogi.
E apreciar por alguns minutos a bela vista lá de cima, pena as fotos não retratarem com perfeição a beleza do local.
Zoom de Cubatão, vista do alto da Serra do Mar.
Ferrovia para Paranapiacaba, a de baixo em operação (sistema de cremalheira) e a de cima desativada e abandonada (sistema funicular), um verdadeiro crime com a história das nossas ferrovias!
+ informações:
Após o mirante vem o estacionamento para visitantes e a parte alta da Vila de Paranapiacaba , onde se encontra a Igreja Matriz e se pode ter uma bela vista da parte baixa da cidade.
Igreja de Bom Jesus de Paranapiacaba.
Parte baixa da Vila de Paranapiacaba, com destaque a Rua Direita
(foto logo acima).
Museu do Castelo ou "Castelinho".
Ruas estreitas na parte alta da vila.
Museu ferroviário.
Passarela sobre a ferrovia, ligando a parte alta a parte baixa da vila.
O "Big Ben" de Paranapiacaba...
Construído em Londres no século 19, o relógio Johnnie Walker Benson é o símbolo da vila.
Ferrovia que corta a vila em dois, parte alta e baixa.
Sucata de vagões, mais um crime com a história da vila e das ferrovias!
O famoso Bar da Zilda.
Rua Direita.
Museu do Castelo, localizada no alto de uma colina, com uma excelente vista privilegiada para toda a vila ferroviária, foi construída por volta de 1897 para ser a residência do engenheiro-chefe, que gerenciava o tráfego de trens na subida e descida da Serra do Mar, o pátio de manobras, as oficinas e os funcionários residentes na vila.
Sua imponência simbolizava a liderança e a hierarquia que os ingleses impuseram a toda a vila; ela é avistada de qualquer ponto de Paranapiacaba.
Dizia-se que de suas janelas voltadas para todos os lados de Paranapiacaba, o engenheiro-chefe fiscalizava a vida de seus subordinados, não hesitando em demitir qualquer solteiro que estivesse nas imediações das casas dos funcionários casados.
Vista de um dos acessos ao castelinho.
Última visão do castelinho e da torre do relógio de antes de deixar a Vila de Paranapiacaba.
Após ficar por quase uma hora em Paranapiacaba, segui pela trilha ou Estrada Velha do Taquarussú...
Onde encontrei muitas pessoas em grupo caminhando curtindo o contato com a natureza.
Alguns seguindo no sentido contrário para Paranapiacaba, mas a maioria seguindo na mesma direção que eu pedalava.
Após algumas subidas e descidas pela estradinha de terra, com muito cascalho cheguei a Vila de Taquarussú.
Onde existe esse belíssimo lago, onde não resisti e fiz uma parada para lanchar, assim como algumas pessoas que já estavam lá, outras aproveitavam para fazer artes marciais, pescar ou caminhar em volta do mesmo contemplando a bela vista e aproveitando o silêncio e a tranquilidade do local, só quebrado pelo canto dos pássaros.
Vale destacar a grande presença de pessoas orientais e descendentes.
Pequenos vagões que eram utilizados em uma antiga mineradora na região, enfeitam o entorno do lago.
Igreja de Santa Luzia, construída em 1945.
+ Informações: Vila de Taquarussú
Após terminar meu lanche e bater mais umas fotos da vila, continuei o meu passeio, pois ainda tinha muita estradinha de terra pela frente.
Bela fazenda cortada pela trilha.
Subestação de Tijuco Preto - Furnas.
Trilha por onde vim até chegar a Tijuco Preto...
E chegar ao asfalto, que poderia ser a minha opção mais rápida e mais cômoda para chegar a Estrada Mogi-Bertioga, mas não era isso que eu queria.
Primeira vez que avistei a adutora da Sabesp, referência para saber se estava seguindo no caminho correto.
Trilha ao lado da estradinha que estava pedalando, ao fundo a Pedra Grande, distrito de Quatinga - Mogi das Cruzes.
Apesar de começar a apresentar um pouco de cansaço, devido ao calor e as várias subidas que se sucediam pelo caminho, as belas paisagens me animavam a seguir pedalando
Adutora sempre presente neste caminho para Mogi-Bertioga.
Igreja no distrito de Quatinga...
Onde fiz mais uma parada para comprar água mineral e pilhas, pois os dois pares que levei, já estavam quase descarregadas.
De volta a estradinha de terra e cercado por muito verde...
Até chegar a um entroncamento, onde tinha duas opções:
- Ir pelo asfalto (foto acima) ou
- Continuar pela estradinha de terra.
Justo neste entroncamento tinha um ônibus parado, no que parecia ser o ponto final ou inicial, aproveitei então para perguntar para o motorista, se a estradinha de terra me levaria a Mogi-Bertioga?
E ele nem exitou a apontar para a estrada asfaltada, mas novamente perguntei sobre a estrada de terra.
E ele disse que dava para seguir para Mogi-Bertioga por ela, mas que seria uma "pirambeira só" e com muitas subida, e que demoraria muito mais!
Agradeci ao mesmo e disse que estava em busca disso mesmo, do caminho mais difícil...
E não muito distante do local que pedi informação ao motorista, encontrei esse trecho em subida e com o terreno bem irregular, onde um trator tentava melhorar a estradinha...
Estradinha essa que em vários trechos apesar ser uma simples trilha qualquer, é na verdade uma estrada estadual (SP-43), e tem até algumas placas de quilometragem.
Bifurcação com placa indicando Taiaçupeba a direita...
Foi por onde segui pedalando e segui próximo a adutora e infelizmente não percebi o acesso ao centro do distrito de Taiaçupeba.
Adutora da Sabesp, certeza de caminho certo...
Num local onde a estradinha cruzava com a adutora, e existia a opção de não cruza-lo e seguir à esquerda do mesmo, optei por seguir a esquerda do mesmo e aos poucos fui me afastando da mesma, e por um bom tempo não o encontrei novamente, e acabei me sentindo perdido.
E se não bastava me sentir perdido, ainda encontrei esse entroncamento e por alguns instantes veio a dúvida, por onde sigo agora???
Esquerda, reto ou direita???
Pensando na adutora, seguiria pela direita, pois estava a esquerda do mesmo. Reto não iria, pois estava asfaltado e era o acesso de uma grande fazenda a frente...
Então fui para a esquerda, contrariando a lógica da adutora, que significava a indicação do caminho correto.
Fui pelo caminho da esquerda e esperando a primeira oportunidade de seguir para direita e reencontrar a adutora.
E assim que encontrei dois moradores da região em menos de dez minutos, fiz as mesmas perguntas:
- Por aqui dá para chegar a Mogi Bertioga?
- Está faltando muito para chegar lá?
E as respostas foram as mesmas:
- Vai sim e falta pouco.
Placa que me deixou menos preocupado.
Uma das várias plantações de verduras por qual passei desde o distrito de Quatinga.
40 km após de ter saído de Paranapiacaba, depois de várias afirmativas que estava perto, muitas e muitas subidas e bota muito nisso!!!
Estava eu a poucos metros do asfalto e da Rodovia Mogi-Bertioga.
Eram 16:40, já estava com sinais de cansaço, com um pouco de dores no joelho e com a certeza que teria que pedalar um bom trecho no escuro.
Na Mogi-Bertioga a última visão da minha guia, a adutora.
Mesmo com o acostamento estando um tapete, não consegui pedalar num ritmo muito bom, devido o desgaste das várias subidas nas estradinhas de terra.
Placas de limite de município Mogi-Biritiba Mirim e do Parque Estadual da Serra do Mar...
Indicativos que a descida da serra estava bem próxima.
Com um transito muito intenso de carros no sentido de Mogi das Cruzes, e moderado no sentido Bertioga, para onde estava indo.
O principal problema era que os veículos que seguiam no mesmo sentido que eu, não teriam como entrar um pouco na faixa contrária para me ultrapassar dando um espaço maior, já que não existe acostamento na maior parte da descida, só existindo alguns pontos com recuos, me obrigando a andar quase que a descida toda na faixa branca ou um pouco dentro da pista de rolamento.
Para não passar muito susto e não atrapalhar o transito de veículos, tive que descer embalado, evitando frear para controlar a velocidade, com isso desci na maior parte da serra com velocidades entre 50 a 64,5 km/h. A velocidade só não foi maior devido a algumas paradas para tirar fotos.
Rio Sertãozinho...
Foto tirada involuntáriamente.
Veículo abandonado após queda na ribanceira da Mogi-Bertioga.
Rio Guacá, Mogi-Bertioga.
Mirante com vista para bela cachoeira.
Só pela cara, dá para perceber que estava cansado.
Do mirante também é possível avistar o mar.
Após a descida da serra o retão que leva a Rio-Santos.
Congestionamento na Rio Santos, faltavam apenas 8 km para o trevo principal de Bertioga...
Mas antes de chegar lá, ainda na Rio-Santos começou a anoitecer.
Como já estava escuro e começava a ficar com fome, resolvi lanchar em Bertioga, queria comer no Pastel do Trevo, mas estava muito movimentado e ia perder muito tempo, então resolvi parar numa lanchonete um pouco mais a frente.
Após um x-bacon e um refrigerante 600 ml, estava pronto para continuar o meu passeio, ainda faltava mais de 45 km para chegar em casa.
Travessia de balsa de Bertioga para o Guarujá.
Portal do Parque Serra do Guararu e início da estrada SP-61 (Guarujá-Bertioga), logo após a saída da balsa.
Da saída da balsa até o a Praia do Pereque a SP 61 não possuí iluminação, com algumas exceções (entradas de condomínios e alguns pequenos trechos com moradias, iate clubes ou restaurantes.
E a minha visão da estrada...
Não era essa não! Pois esta foto foi tirada com flash.
Se fosse essa ficaria muito contente!!!
Essa era a minha visão da rodovia, com uma pequena diferença, a olho nú era possível enxergar um pouco a faixa branca que separa a pista de rolamento do acostamento.
Que falta me fez um bom farol "lanterna" para iluminar o caminho a minha frente, estou para comprar um faz alguns meses, mas sempre me falta $$$ para comprar a lanterna que eu quero.
Então segui pedalando dentro da pista de rolamento, quase em cima da faixa branca, pois o acostamento da SP-61 é muito irregular e inexistente em alguns trechos, só ia para o acostamento quando algum veículo se aproximava e os faróis do mesmo possibilitavam ver se o acostamento a minha frente era bom.
Escuridão quebrada ao chegar próximo de um iate clube.
Minha maior preocupação de atravessar o Guarujá a noite, além do risco de atropelamento na escuridão da SP-61, era o risco de assalto.
Mas o grande fluxo de carros, motos e de pedestres nas principais avenidas, devido ao feridão, tornaram minha passagem por lá bem tranquila.
E as 21:18 cheguei a balsa do Guarujá para Santos.
E minutos após a minha chegada já estava fazendo a travessia para Santos, com uma temperatura bem agradável, pois estava ventando forte, resultado da chegada de uma frente fria na Baixada Santista.
Nos pouco mais de 11 km que separam a balsa até a minha casa, passando por toda a orla de Santos e pela Praia do Itararé em São Vicente, pedalei num ritmo que muita vezes não passava dos 16 km/h, pois ventava muito e o cansaço era grande, após ter pedalado quase 140 km, sendo uns 40 km no sobe e desde das estradinhas de terra.
As 22:28 cheguei na garagem do prédio onde moro, com 139,9 km e 9 horas 26 minutos pedalados.
Depois de ter encontrado e passado por de tudo um pouco, asfalto, terra, cascalho, lugares históricos, plantações, vilarejos, distritos, cidades, ferrovias, balsas, planalto, rios, lagos, serras, praias, dia, noite, subidas e descidas...
Mapas do Passeio:
Números Finais:
- 139,9 km de pedal.
- Tempo total: 17 h 10 min (incluindo ônibus + todas as paradas).
- Tempo total pedalado: 09h 26 min.
- Média horária: 14,8 km/h.
- Velocidade Máxima: 63,5 km/h (Mogi-Bertioga).
- Custo total: R$ 40,50 (Ônibus, água mineral, lanche e pilhas).
Baixas: Nenhuma
parabéns pelo passeio!!
ResponderExcluirbelas chapas, chamigo!
abraços do amigo do MS
Elton - Xamã
Através do fórum Pedal eu li o relato de seu passeio! Parabéns! Quando quiser companhia para realizar esse trecho (mas pelo asfato hehehe), é só me falar!
ResponderExcluirRafael
Caramba!!!
ResponderExcluirE eu que pensava que meu ciclo-passeio a Paranapiacaba tinha sido "radical"...rrr
Parabéns, Vinicius, uma prova de coragem, resistência e vontade de pedalar!
Exemplos como o seu são um verdadeire estímulo para quem, como eu, está engatinhando no cicloturismo.
abs.
Carlos - Pedalare!